A cada quatro meses ocorre a publicação da revisão quadrimestral da carga em um horizonte de 5 anos para atualização das premissas dos modelos de planejamento e expansão da operação. Uma nova revisão foi divulgada para os anos entre 2024 e 2028 pelo Operador Nacional do Sistema (ONS) em conjunto com a Empresa de Pesquisa Energética (EPE) e a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE).
A previsão de carga é feita com base em premissas econômicas de curto e médio prazo. A partir da expectativa de crescimento do Brasil, a demanda de energia elétrica foi revista em 1.339 MW entre 2024 e 2028. A Figura 1 mostra as revisões de carga que ocorreram para esse horizonte ao longo do ano de 2023 em comparação à última publicação, que está em vermelho.
Figura 1 - Comparação Previsão de Carga 2024-2028
A revisão de carga anterior havia apresentado uma leve correção para baixo por conta da expectativa de PIB brasileiro dos anos à frente, sobretudo no 2024. A carga do 2023 até aquele momento também se verificava próxima ao que era previsto. Entretanto, neste final de ano a carga do 2023 superou em 1,5% o que era esperado e o PIB projetado foi elevado, conforme indicado na Figura 2, o que acarretou uma revisão positiva da carga de 1,7% no horizonte.
Figura 2 - Expectativa de crescimento do PIB
O PIB de 2023 foi revisto de 2,3% para 3% motivado pelo resultado acima do esperado do 2º trimestre, o que contribuiu para o carregamento estatístico para o resto do ano e para 2024. As premissas de um cenário com maior estabilidade macroeconômica são mantidas para o médio prazo, e espera-se um melhor ambiente de negócios decorrente da reforma tributária.
Um ponto de atenção dentro dessa previsão feita pelo ONS é o efeito das altas temperaturas no aumento da carga neste segundo semestre de 2023, decorrente do fenômeno El Niño. Novembro foi o quarto mês consecutivo de calor que elevou o consumo, sobretudo, nas residências em todas as regiões do país. O comércio também teve bom desempenho e apresentou maior consumo de energia por conta do calor, enquanto a indústria seguiu essa mesma tendência, porém em proporções bem menores como indica a Figura 3.
Figura 3 - Taxas de evolução do consumo de energia por segmento
Embora o efeito da temperatura seja expurgado durante a realização da previsão de carga, a metodologia não é tão clara sobre o quanto isso pode ter afetado a consolidação dos resultados na análise do aumento de carga do final de 2023 e, portanto, seu impacto nas próximas revisões deve ser monitorado principalmente quando a atmosfera parar de responder aos efeitos do El Niño.